Patriotismo

     A bandeira tremula na janela. Pessoas vestidas de verde amarelo passam pelas ruas, apressadas, para não perder nenhum detalhe da grande mobilização nacional. Os carros passam buzinando, com símbolos canarinhos por todos os lados. As cornetas, ou vuvuzelas, como queiram, são ensurdecedoras. Elas transmitem a paixão e a esperança de toda uma nação, que só percebe a cada quatro anos o quão gostoso é gritar o nome da terra nativa, do lugar onde você faz sua vida valer a pena.

    As famílias se juntam para comemorar. Locais normais de circulação das pessoas durante a semana são tomadas por uma multidão. Vale do Anhangabaú (SP), Praia de Copacabana (RJ), Praça da Liberade (MG), Pelourinho (BA). Lugares que apresentam algo em comum. A pulsação do coração dos brasileiros no mesmo ritmo. A tal mobilização nacional transcende o limite do real. Vai ao virtual. Assuntos relacionados ao grande acontecimento dominam todas as redes sociais.

    E, tudo isso, por um único motivo: o futebol. Talvez, algum especialista será capaz de descobrir por que este esporte move mais de 3 bilhões de pessoas em todo o mundo. Mas, provavelmente, nenhum deles conseguirá dizer por que, quando a bola rola no gramado, o brasileiro se torna mais brasileiro. O verde combina mais com o amarelo. Corintianos e palmeirenses, flamenguistas e vascaínos, gremistas e colorados, lado a lado, gritando com o mesmo juíz, fazendo a mesma reza, comemorando o mesmo gol.

    Muitos dizem que o brasileiro deveria ser patriota todos os dias. Deveria vestir as cores do país todos os dias. Que deveria ser assim na hora do voto, na hora de ter uma ação que ajude alguém. Eu discordo. Brasileiro já é, por si só, um pouco mais brasileiro a cada dia em que acorda, enfrenta congestionamentos nas grandes cidades, filas dentro de metro, pobreza nas regiões mais distantes dos grandes centros. Deposita sua confiança em pessoas para administrar nosso país. Mas, quase sempre, é enganado.

     Só a seleção brasileira cria tal emoção, a ponto de provocar choro pela vitória, ou pela derrota. Talvez ela faça o brasileiro se sentir mais brasileiro, pois proporciona, a cada um, a chance de torcer, com toda sua força, pelo triunfo da seleção. Não tenho dúvidas: Brasil é Brasil.