7 de setembro de 2010

Um mito vivo! Eu vi Rogério Ceni!


Comecei a acompanhar futebol, pra valer, em meados de 1996. Sempre fui são-paulino, mas não tinha um ídolo no futebol. Meu ídolo ainda era Ayrton Senna, que eu continuo admirando demais. Eu sempre pensei que nenhum outro esportista poderia ocupar o cargo de "ídolo", que superasse Ayrton Senna. Mal sabia eu.

Quando vi Rogério Ceni atuar pela primeira vez no gol do São Paulo, me lembro, foi num jogo contra o Grêmio. Até aí, era um goleiro qualquer. Veio 1998. Uma final histórica contra o Corinthians, onde Raí desceu no aeroporto de manhã, e de tarde acabou com o jogo. E ele lá, na meta tricolor, começando a ser fundamental.

Passaram-se mais dois anos. Em 2000, vieram dois momentos inesquecíveis. Alegria e tristeza. No Paulistão, outra final histórica, contra o Santos. Com direito a gol de Ceni, numa final de campeonato. Mais um título. Porém, como nada é só felicidade, uma tristeza. A final da Copa do Brasil, contra o Cruzeiro, no Mineirão. Aquele gol de falta do Giovani, no último minuto. Tinha 12 anos. Poucas vezes chorei tanto quanto aquele dia. A lembrança daquele gol me dói até hoje. E tenho certeza que em Rogério também.

Foram 4 anos com times normais, sem títulos expressivos. Em 2004, na 1ª Libertadores de Ceni, uma eliminação na Colômbia, diante do Once Caldas. Ainda não era a hora. Ainda.

Veio 2005. Logo no começo, o título paulista. Bom sinal. Na Libertadores, o time ia bem. Com a liderança de Rogério Ceni, o São Paulo derrubou o Palmeiras nas oitavas de final. Nas quartas, o Tigres, do México, presenciou um dos diversos momentos em que Rogério foi soberano no Morumbi. Dois gols, uma goleada por 4 a 0, e a vaga na semi-final praticamente garantida. Faltavam 4 jogos para o grande sonho dele. Dois jogos impecáveis contra o River Plate. Vitória aqui e vitória lá.

A final no Morumbi é um capítulo a parte. Poucas palavras para expressar. Foi magnífico. Épico. A realização de um sonho. Um sonho de Rogério Ceni e de uma torcida que, a seu modo, ama seu clube, sua camisa, sua bandeira, seu escudo.

O ano de 2005 foi especial. Desde o dia da conquista do tri da América, até a final contra o Liverpool, nada interessava. Passamos por cima de um tal de Corinthians, em um 5 a 1 humilhador no Pacaembu. Mas, pro são-paulino, isto é um mero detalhe. O que nos importava era atropelar o clube inglês. Na madrugada de sábado para domingo, eu não consegui dormir. Aquele sentimento de nervosismo, de expectativa tomou conta. Do alto dos meus 17 anos, eu ficava imaginando "como nós vamos vencer um time que não toma gols a 11 jogos". Chegou a hora. Oito e quinze da manhã. Camisa no corpo, bandeira nas costas, o emblema tricolor tatuado no coração. Quase perdi o primeiro, e único, gol da partida. Cheguei no momento da disparada do Mineiro, em direção ao de Reina. Um gol no qual eu não acreditei. Um sonho de criança, se tornando realidade. Veio o segundo. Com ele, consolidou-se o mito. Na linguagem do futebol, Rogério Ceni fechou o gol. Gerrard bateu a falta mais bem batida que eu já vi. E Rogério Ceni fez uma das mais belas defesas que um goleiro poderia fazer, na final de um campeonato mundial. O apito final só demonstrou o que Ceni representa. Mineiro fez o gol, mas todos os jogadores correram para abraçar Rogério. Parecia que ele tinha defendido três pênaltis numa decisão. E foi quase isso.

Os anos de 2006, 2007 e 2008 foram iluminados com a parceira Ceni-Muricy, que renderam ao clube um tri-hexa inédito. Só o São Paulo é hexacampeão. Mas, a esta altura, ser campeão brasileiro é um mero detalhe, para uma carreira histórica e inesquecível como a de Rogério.

Posso dizer, sem medo de errar. Rogério Ceni é o maior jogador da história do São Paulo Futebol Clube. Ele é o maior ídolo da torcida tricolor, ao lado de Telê Santana. Ceni é um mito vivo. E eu me orgulho de ter visto uma história do futebol ser escrita por um goleiro que faz gols (são 90, o maior da história).

Todos tem goleiro, mas só nós temos Rogério Ceni.

PS: Em tempo. Há um título que Rogério não conquistou. A Copa do Brasil. Mas, tenho certeza que este ele prefere deixar com o "todo poderoso centenário" da marginal sem número.

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